O território brasileiro possui praticamente 70% do seu solo ácido. Se o pH não é o ideal, a disponibilidade dos nutrientes necessários para o bom desempenho das plantas fica prejudicada. Um solo ácido, geralmente, tem baixo teor de cálcio e magnésio, elementos essenciais à vida das plantas, e alto de alumínio e manganês, que são tóxicos. Diante desse cenário, a chamada calagem – aplicação de calcário para correção do solo – aparece como principal e mais importante forma para garantir a alta produtividade e boas colheitas.
Mas, no momento de escolher o calcário, muitas vezes o produtor observa apenas os aspectos econômicos, como os preços elevados de frete em algumas regiões distantes. Tão importante quanto o fator econômico é o fator técnico, que precisa ser levado em consideração. Não avaliar a parte técnica pode trazer sérias consequências de desequilíbrios nutricionais no solo e redução de produtividade das culturas. A escolha do calcário deve acontecer pelos seus teores de cálcio e magnésio e sua pureza química, ou seja, seu Poder de Neutralização (PN). Se os níveis desses macronutrientes no solo não estiverem acima de suas necessidades mínimas, os outros nutrientes adicionados pelos fertilizantes — que chegam a custar até 30 vezes mais — não ajudarão a atingir os melhores índices de produtividade, mesmo com sementes que respondam bem à adubação.
Além disso, as plantas podem enfraquecer com a deficiência de cálcio, apresentando sintomas como atrofia do sistema radicular, desastroso em um período de seca. O magnésio, por sua vez, é um ativador de várias enzimas relacionadas à síntese de carboidratos e de ácidos nucleicos. No caso de sua deficiência, haverá graves perdas no processo de fotossíntese.
Existem duas classificações de calcário para utilização na agricultura: calcítico (apresenta menos de 5% de óxido de magnésio %MgO) e dolomítico (acima de 5% de MgO). Por conta dessa maior concentração de magnésio, as recomendações de calagem são quase sempre baseadas no uso do calcário dolomítico, que é o ideal para a agricultura. Além de corrigir a acidez, ele supre melhor as demandas de macronutrientes como cálcio e magnésio, cujos níveis adequados no solo devem ser mantidos. Além disso, a oferta de calcário dolomítico atende melhor as demandas de produção em qualquer época do plantio e seu custo é baixo. Alguns estudos demonstram que sua aplicação em solos com acidez elevada ou degradados permite dobrar a produtividade das plantas e, em curto prazo, é possível ter retornos econômicos que chegam a ultrapassar em dez vezes o investimento inicial.
Após a definição pelo calcário dolomítico, o agricultor deve pedir uma amostragem de solo – onde se divide a propriedade em áreas homogêneas de, no máximo, 20 hectares – e encaminhar ao laboratório para análise. Essa é uma fase crítica que deve ser feita com cuidado e é a primeira etapa de uma avaliação racional da quantidade de calcário e adubo a ser aplicado (em geral, o calcário varia entre 6 a 7 toneladas por hectare, na abertura de área, e entre 1 a 3 toneladas por hectare nas aplicações seguintes, dependendo do solo e da cultura). Estudos indicam que para se repor os níveis de cálcio e magnésio que são extraídos anualmente pelas principais culturas são necessários cerca de 800 kg a 1000 kg de calcário dolomítico por hectare. O ideal é aplicar o calcário de dois a três meses antes da primeira adubação em culturas perenes ou anuais.
O calcário já é utilizado pelo homem há mais de 14 mil anos e até na Bíblia seu uso é citado na fabricação de tinta e reboco. Antes da era cristã, os gregos e romanos já aplicavam margas ao solo, uma mistura de calcário friável e argila, para melhorar a produtividade das culturas. O calcário entra na composição de centenas de coisas que utilizamos e consumimos em nosso dia a dia, como pasta de dentes, sabonetes, cosméticos, remédios e produtos alimentícios. Ele também é fundamental na construção civil, na fabricação de vidro, asfalto, papel, plásticos, açúcar, e na produção de metais, além de ter outras várias aplicações, principalmente na indústria química.
Apesar de feito de rochas puras num processo industrial, o calcário pode conter impurezas e elementos químicos prejudiciais ao solo e às plantas. Alguns corretivos oferecidos no mercado provêm de subprodutos e rejeitos industriais com metais pesados e sódio, que envenenam e salinizam a terra. Esses “corretivos” normalmente saem de indústrias siderúrgicas, químicas e de papeleiras.
Para que o uso de calcário seja ajustado às necessidades de sua lavoura, é fundamental consultar um engenheiro agrônomo que esteja familiarizado com os conceitos modernos sobre corretivos de acidez e sua aplicação.
Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/calpar/produtividade-sem-fronteiras/noticia/a-importancia-nutritiva-do-calcario-dolomitico.ghtml
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